Mutiladas por serem “impuras”
Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina assinala-se hoje.
Existem três tipos:
Clitoridectomia ou sunna - Remoção do prepúcio do clítoris ou remoção completa do clítoris. Excisão - Remoção do prepúcio e do clítoris com parcial ou total excisão dos pequenos lábios. Circuncisão faraónica - Remoção do prepúcio, do clítoris, dos pequenos e grandes lábios.
SAÚDE Cerca de 140 milhões de mulheres já foram submetidas ao corte ou mutilação
genital feminina (MGF). Seis mil estão diariamente em risco, não só no continente africano, como na Europa e Estados Unidos, onde a mutilação é praticada no seio das comunidades de imigrantes. “Em Portugal, existem casos de mulheres que levam as filhas à Guiné Bissau, durante as férias escolares, para que sejam excisadas”, admitiu ao METRO a historiadora Carla Martingo, autora de um mestrado sobre MGF. “Julgam que se algo de mal se passa nas suas vidas, pode ter a ver com o facto de a criança não ter sido excisada”, diz. A colaboradora do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural é uma das profissionais que colaboram no livro “Nascer Mulher... Um outro lado dos Direitos Humanos”, que a Associação para o Planeamento da Família (APF) apresenta hoje na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Em países como Senegal, Egipto, Etiópia, Guiné-Bissau, Nigéria, entre muitos outros, existe a crença de que os órgãos genitais femininos são “impuros” e que apenas os homens têm direito ao prazer sexual. Baseada em princípios discriminatórios, a MGF é extremamente perigosa e não envolve quaisquer cuidados de higiene. No Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, a APF apresenta um livro que inclui as conclusões de um estudo realizado junto das comunidades de migrantes de Loures e cuja amostra são 79 médicos e enfermeiros dos centros de saúde da zona. “Cerca de 57 por cento dos profissionais mostram insegurança em reconhecer uma situação de mutilação genital”, revelou ao METRO a psicóloga e voluntária da APF, Yasmina Gonçalves. Segundo o mesmo estudo, 92 por cento dos inquiridos admitiram ter conhecimento do tema, um número semelhante
ao obtido no primeiro estudo da APF, realizado no concelho da Amadora. Contudo, apenas 11 por cento tinham formação mais especializada na área. Profissionais de diferentes sectores, como a saúde, justiça, ou sociologia participam
no livro. “O envolvimento da comunidade é muito importante. Além disso, vamos contar com a participação da Associação Guineense Uallado Folai e a intervenção de uma mulher que vai falar sobre o seu caso”, adiantou. A Organização Mundial de
Saúde (OMS) incluiu Portugal na lista dos países de risco com MGF, pela existência de migrantes de várias nações onde é praticada. Além dos 28 países africanos, asiáticos e árabes onde a prática está documentada, a OMS acrescenta que também na Europa e América existem casos de corte ou MGF.
PATRÍCIA TADEIA - METRO
http://metropoint.metro.lu/20080206_Lisbon.pdf
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