...há alturas em que recebemos mails que tão bem se enquadram na nossa 'realidade presente'
aqueles que mal abres pensas... EM CHEIO!!
"Hoje, depois de acordar e lavar a cara dei por mim com uma visceral vontade de mudar o mundo. Olhei para o espelho e de olhos arrebitados disse 'Vou mudar o mundo' e dito isto comecei a correr por toda a casa, como se em cada compartimento alguém me esperasse para ouvir esta mensagem. No meu quarto disse 'vou mudar o mundo!', na cozinha o mesmo, no corredor não sei porquê mas não quis, mas chegado às escadas de acesso ao exterior ganhei um novo fôlego e já na rua fui comunicando esta minha vontade a toda a gente. 'Vou mudar o mundo!' disse. E todos a quem eu dizia isto, apontavam a mim um dos seus braços e riam-se como se eu tivesse acabado de contar uma piada das boas. As pessoas não acreditam em alguém que quer mudar o mundo e se revelarem esta intenção, mais depressa serão confundidas com um qualquer louco de que com alguém que está em posse de todas as suas faculdades mentais e determinado a fazê-lo: A mudar o mundo. E eu estou, desde esta manhã, após ter lavado a cara.
Contudo, há tanto a fazer que nem sei por onde começar, como naqueles dias em que é tal a quantidade de tarefas que temos delineadas que optamos, por não fazer nenhuma. Não que não o queiramos – queremos pois – o que não sabemos é por onde começar. E é este o problema. Como se o mundo fosse um objecto muito grande de difícil transporte, sem lugar para para por as mãos. Diz-se 'Rapaziada, venham aqui ajudar-me a carregar o mundo que eu não consigo!' E é certinho que alguém diga 'Chefe, eu até ajudava, mas isto não tem sítio por onde se lhe pegue! olhe para isto, não tem sítio para por as mãos, como quer que eu faça?'. E de facto, muitas das vezes nada há a fazer porque o mundo não se deixa agarrar, por não ter sítio onde por as mãos, por não ter, assumidamente, ponta por onde se lhe pegue."
A continuação opto nesta altura por colocar em letras minusculas... até chegar o momento mais oportuno!!
"Agora, uma pergunta: Existe uma idade para mudar o mundo? Querem saber a resposta? Pois aqui vai: Existe, sim senhor. É precisamente a idade em que as pessoas usam repetidamente a expressão 'Eu não tenho idade para isso!'. 'Oh tia, podíamos ali construir uma casa!' e já ela nos vai dizendo pondo as mãos à cabeça dizendo 'Eu? Eu não tenho idade para isso' 'Pai, porque não vamos dar uma volta ao mundo para lhe tirar as medidas?' E este vai-nos dizendo 'Eu não tenho idade para isso filho e mesmo com as medidas do mundo, ninguém será capaz de lhe fazer um fatinho novo' e ainda assim, não desistindo, perguntamos 'Avô, já viste aquela loira que ali vai, aquilo é que é bom para ti, olha para aquelas pernas!' ao que ele nos diz com indisfarçável desencanto 'Eu não tenho idade para isso rapaz! Mas chega-me aí os óculos!' E assim, por saber que é para a minha, para a minha idade, eu vou atrás do mundo como se fosse atrás daquelas pernas altas, daquela saia justa, daquele corpo. Sabendo que é para a minha idade, eu vou atrás do mundo por saber bem por onde começar, por onde o agarrar, na certeza de que irei ter tempo para fazer tudo o que havia planeado. Na certeza de que o poderei mudar."
Texto por Fernando Alvim